por: Francisco J S Fernandes
Depois de mais de 20 anos de mercado, fica mais fácil aceitar os motivos que levam alguns profissionais a se dedicarem como loucos em busca de reconhecimento, recompensas e objetivos, deixando a família em segunda lugar. Da mesma forma compreendo os que vêm o trabalho como a última prioridade em suas vidas, não atendendo chamadas fora do horário de expediente, não fazendo horas extras nem nenhum tipo de esforço que comprometa sua relação familiar. Eu particularmente não sou adepto de nenhum dos dois casos acima. Procuro um meio termo, que me permita extrair o melhor dos dois mundos. Mas nem sempre é fácil.
Há pessoas que vivem para trabalhar e outras que trabalham para viver. Eu acredito que o trabalho, ou melhor, uma atividade profissional, seja necessária para a evolução de todos nós. Não somente pela recompensa, mas pela dinâmica que isso traz às nossas vidas. Nos faz estudar, aprender. Cria objetivos diferentes, onde o ambiente tem regras diferentes da nossa vida social. Dentro de casa fazemos qualquer coisa, sem nos preocupar com etiqueta. No trabalho não, existem protocolos, regras. Somos obrigados a conviver com todo tipo de pessoa, em diversos níveis de relacionamento. Desde sempre estudamos, e obviamente o motivo principal é ser um profissional de sucesso, ganhar muito dinheiro, realizar sonhos, construir carreira. Paralelo a isso, tem um outro grande objetivo peculiar a todos os seres humanos que é construir uma família. Muitas vezes é difícil conciliar estes dois mundos, ainda mais no começo.
Encontrar o meio termo e ser feliz na vida pessoal e profissional é o objetivo de todos nós. Mas como não deixar um interferir no outro ? Em TI essa tarefa é ainda mais difícil se considerarmos a natureza do nosso trabalho, e a necessidade de suporte e ações quase 24 x 7, dependendo da situação. O primeiro ponto importante para se feliz nestes casos é fazer com que os outros respeitem sua posição e suas necessidades como pessoa. Apesar da nossa profissão não ser regulamentada como devia, e nem termos um órgão atuante, precisamos entender quais são nossos direitos e deveres, e a partir daí fica mais fácil dizer SIM ou NÃO. Bom senso, tanto da parte do líder quanto do liderado, são fundamentais.
Como líder, precisamos respeitar os direitos de quem estamos gerenciando. Desesperos a parte, seja por qual motivo for, não justificam ameaças e assédio moral como armas de convencimento a tarefas fora do expediente ou que não foram combinadas previamente. Se a situação é crítica, importante para a empresa, para o projeto, deve-se tentar um acordo, chegar a um consenso. E que fique claro: todo esforço extra merece ser muito bem recompensando. Não é obrigação de ninguém fazer horas extras, e ganhar a mais por isso não é benefício, é uma reparação pelo tempo a mais dedicado ao trabalho. Não dá par ter ódio ou deixar marcado o funcionário que se recuse a responder e-mails ou atender o telefone fora do expediente. Pode ser uma postura exagerada, mas está dentro dos seus direitos.
Como liderados, e tirando o CEO ou o presidente, sempre temos alguém nos liderando, temos todo o direito de agir conforme nosso contrato de trabalho. Mas de acordo com a posição que ocupamos, os chamados cargos de confiança por exemplo, os esforços extras e as jornadas de 10, 12 horas podem tornar-se mais frequentes do que deveriam. Para os que não exercem tais cargos, vale a pena negociar com seu líder as exceções, sempre tendo em mente o binômio objetivos da empresa e vida particular. Se não afeta nossa vida pessoal, não custa muito dedicar um tempo a mais pra atingir um objetivo.
Uma coisa que fui descobrindo aos poucos na minha vida profissional, é que muitas das pessoas que atingiram um sucesso muito grande tiveram que fazer um investimento de tempo do mesmo porte. Gostaria muito de dizer a vocês que o sucesso pode vir facilmente, mas não posso. Raramente acontece desta forma. Normalmente nos é exigido uma dedicação enorme para conseguir conciliar a vida profissional, os estudos (as atualizações em TI são mais que necessárias) e as atividades pessoais. Planeja sua carreira de acordo com sua vida pessoal. Concilie os dois e tenha em mente que nunca se dedicará 100% aos dois, pelos menos não no início.
Há alguns anos um amigo me mandou um e-mail, onde ele falava das 5 bolas da vida, as quais mantemos no ar como um malabarista. São elas o trabalho, a família, a saúde, o espírito e a família. A bola do trabalho é de borracha, e se cair no chão, pula pra cima de volta. Todas as outras são de vidro, e, se caírem, ficam irremediavelmente danificadas. Por isso, ao planejar sua carreira e determinar prioridades, pense nisso.
Sobre Francisco J S Fernandes
Profissional de IT e apaixonado por tecnologia, Francisco é Arquiteto de Soluções com mais de 20 anos de experiência no mercado de TI. Escrever é um dos seus hobbies e, além de tecnologia, é aficcionado por música, viagens, fotografia e futebol. Seus contatos são: LinkedIn: http://br.linkedin.com/in/franciscojsfernandes Google Talk: kikofernandes@gmail.com Twitter: @kikofernandes71
Fonte: TI Especialistas