Escrito por: Willy Thorpe
Hoje vou abordar um tema interessante, relacionado à nossa rotina diária e que influi diretamente em nosso trabalho, em nossa vida profissional e consequentemente em nossa vida pessoal. No entanto, pretendo voltar as atenções de minha abordagem mais para o cenário da tecnologia.
Observamos com o passar dos anos que certas características dos profissionais de tecnologia foram evoluindo, de cientistas tímidos e introspectivos, com seus longos cabelos arrepiados enfurnados dia e noite em laboratórios, a atletas e executivos bem vestidos antenados com as últimas tendências da moda. Os profissionais de tecnologia como eu, talvez como você, provindos da década de 70 e 80, puderam certamente acompanhar este mesmo “filme” diante dos olhos.
Ao passo que este “mundo tecnológico” foi evoluindo e realizando cada vez mais interseções com o “mundo real”, os cientistas cabeludos e pouco sociáveis tiveram fatalmente que sair de suas “cavernas” e desenvolver determinadas aptidões, atributos, tornarem-se mais sociáveis para conseguirem desde financiamentos para seus projetos algorítmicos quase intraduzíveis para cidadãos comuns, como também para se comunicarem melhor com o mundo exterior fora da “redoma”. Hoje, é notória a busca desse profissional de tecnologia em desenvolver cada vez mais atributos que o tornam muitas vezes já quase imperceptíveis no cenário corporativo e no universo dos negócios, antes povoado apenas por profissionais de outras áreas voltadas para a questão humana e outras pouco ligadas ao universo lógico da nossa ciência exata, hoje não tão exata assim.
Característica predominante, neste novo modelo de profissional, a multidisciplinaridade é um fator, um atributo que acredito eu ser o responsável por este facilitador, este “Q” a mais. Propicia que profissionais como nós da tecnologia, entra e saia de determinados nichos, realize conexões, produza novos conhecimentos e através da comunicação ativa produza mais conhecimentos e mais conexões. No entanto hoje, apesar de observar esse imenso progresso e os efeitos positivos relacionados, também consigo capturar certas falhas conhecidas no mundo militar como “pontos cegos”, determinantes na vida deste profissional para um futuro promissor ou não tão promissor assim.
Apesar do aumento do número de atletas, músicos, artistas, apreciadores de boa música de bons livros literários, viajadores, cozinheiros, escritores, praticantes de esportes radicais (ao qual também estou incluso através do surf), observo que ainda falta algumas lacunas a serem preenchidas. E essas lacunas dizem respeito a uma característica bem peculiar de nossa área, a falta de habilidade com a comunicação seja ela verbal e/ou escrita. Como citei em alguns artigos anteriores, muitos que nos observam de fora ainda nos enxergam como verdadeiros “nerds” e, pensam que passamos o dia inteiro navegando na internet, jogando games no trabalho e escrevendo coisas (códigos) sem sentido, sem utilidade alguma. Já outros pensam até que não fazemos absolutamente nada, a não ser viver o mundo “nerdiano” com toda a sua aparente ociosidade. Bom, mas nós sabemos caro leitor(a) que o orbe da tecnologia é totalmente diferente do que muitos imaginam. Mas se o assunto é comunicação, sim eu concordo, somos muito falhos e ainda precisamos melhorar bastante neste tocante.
Certamente alguns de nós já tivemos a oportunidade de observar de “camarote”, sistemas e soluções irem de ladeira abaixo por que alguém deixou de avisar algo, um e-mail não chegou, quem deveria fazer algo não fez, uma infinidade de fatores que geram prejuízos imensuráveis, outrossim desgastes desnecessários e no final das contas quando vamos identificar a causa, faltou a “bendita” boa e velha comunicação em algum(s) ponto(s). No decorrer de minha carreira em diversas empresas que passei, pude trabalhar com profissionais extraordinários capazes de literalmente fazer subir foguetes da NASA através da computação, mas que eram verdadeiros (as) “zero a esquerda” no momento de redigir um texto simples para o seu gestor (um e-mail, por exemplo) ou simplesmente se comunicar de forma clara com outros profissionais de sua equipe, proferir uma palestra então nem pensar. Timidez não seria o fator predominante, não sou psicólogo e tenho pouca propriedade para falar sobre estas questões, mas acredito piamente que o que realmente causa estas falhas de comunicação na área tecnológica é a falta justamente deste atributo, pois a passos de tartaruga buscamos melhora-lo diferente de outras áreas que boa desenvoltura, domínio da expressão corporal, facilidade em se comunicar são itens de sobrevivência. E não se iluda, está chegando à vez da computação, a necessidade destes atributos já “bate a nossa porta”. Os profissionais que conseguirem suprir essa deficiência mais cedo, certamente em tempo bem menor alcançarão o “pote de ouro” com muito menos esforço.
Acredito que cada profissional terá um momento para refletir sobre a importância em desenvolver esta habilidade. Não sou um supra–sumo da comunicação, ainda tenho muito a melhorar claro, mas acredito que o meu despertar já aconteceu a alguns anos atrás, quando eu ainda era programador Pleno de uma companhia famosa em Brasília (DF) e via, diariamente, aqueles jovens executivos de tecnologia (antes analistas de sistemas, desenvolvedores, DBAs, analistas de infraestrutura) atuando em uma nova vertente, hábeis na comunicação e oratória, certamente andando bem vestidos, falando sobre viagens, treinamentos fora do país, salários melhores e de tantos outros benefícios que aquele horizonte o estavam propiciando. Olhei para os lados e vi outros desenvolvedores como eu, alguns da mesma idade outros bem mais velhos, concentrados e introspectivos em suas telas de computador. Em sua grande maioria, incapazes de redigir um texto simples, legível e/ou explanar de forma clara e sucinta para uma determinada platéia (quem sabe em outro idioma) como arquitetou, projetou, e fez aquele seu maravilhoso “foguete” alçar vôo ganhando os céus.
Naquela oportunidade, constatei que eu precisava melhorar em alguns pontos, inclusive no tocante da comunicação (escrita, visual, falada) ou estaria fatalmente condenado a passar o resto de minha carreira computacional programando, diante da tela do computador, com inúmeras outras habilidades atrofiadas, sem uso, reduzindo exponencialmente minhas possibilidades, tanto salariais quanto de progresso profissional.
Hoje, consegui galgar outras posições, eu diria dar alguns saltos em vista deste momento que relatei acima. Claro, houveram outros momentos de aprendizados interligados a este relatado (espero dividir tais aprendizados com você caro leitor(a) em outras oportunidades), mas aprendi observando que, a comunicação em suas diversas vertentes é a “chave” para evoluirmos, progredirmos, seja para pedir um aumento salarial, seja para justificar seu trabalho, seja para ao menos dizer ao restante do mundo que você existe. A comunicação é o ponto fulcral, sem ela estamos fadados ao esquecimento.
Desenvolvendo está capacidade, este atributo, buscando melhorar através de treinamentos (cursos de oratória, teatro, dança), leitura constante de outros assuntos (romances, filmes, musicas de qualidade), desenvolvendo o senso de auto crítica (auto avaliação) constante, sairemos do senso comum, certamente quebraremos paradigmas e consequentemente obteremos mais sucesso na carreira. Acredite, sou uma prova viva disso. Escolher entre passar o resto da vida profissional estagnado fazendo a mesma coisa, no meu caso como eu era programador (programando), carregando cabos, apertando botões, sem desenvolver outros atributos adormecidos que o capacitem para novos saltos é uma questão de opção. Todos somos capazes, a mudança, o progresso só depende de você, esta em suas mãos. Então “ajuste os parafusos dessa sua valiosa maquina” e comunique-se mais.
Certo, mas como começo a minha mudança?
Eu diria que ler esse artigo e chegar até aqui, já está sendo uma mudança, pois leitura é essencial para se desenvolver uma boa escrita, abrir a mente, expandir horizontes. Se você não gosta de ler, procure um assunto que lhe agrade, fuja um pouco da leitura técnica (isso já fazemos todos os dias pesquisando e montando soluções através da grande rede).
Muitos alunos passam a detestar matemática em vista da falta de interesse do professor em passar o conteúdo de forma divertida, didática e mais atraente. Reflita sobre isso, sei que às vezes pensamos que há um abismo intransponível entre o ponto que estamos e o passo adiante o “chegar lá”, mas acredite isso vem da sua cabeça, você mesmo criou esse abismo.
Vença seus medos e faça esse abismo desaparecer, se eu consegui você consegue também.
Agora tenho uma pergunta para você
Ainda está com dúvidas? Não teve uma boa experiência em tentar sair do senso comum? Ainda assim tem medo de quebrar paradigmas, dar um passo adiante?
Sobre Willy Thorpe
Willy Thorpe é Arquiteto de Software e Escritor. Especialista em tecnologias Microsoft, atua no mercado desde 1995 desenvolvendo soluções para inúmeras companhias no Brasil. Já participou de muitos treinamentos oficiais de TI em território nacional e no exterior. Com um olhar diferenciado, busca o melhoramento constante, como pessoa, como profissional, objetivando absorver através do aprendizado diário, conhecimentos e experiências que, o tornem cada vez mais atuante e contribuidor para uma sociedade melhor e mais justa como um todo.
Fonte: TI Especialistas