Na última semana de outubro foi realizada uma audiência promovida pela Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados para analisar os resultados dos estudos práticos e teóricos feitos pelo Banco Central sobre a viabilidade da tecnologia Blockchain ser usada no Sistema de Pagamentos Brasileiro(SPB). Na ocasião, segundo notícia publicada pelo site Criptomoedas Fácil, o representante do BC, Rafael Sarres de Almeida, revelou que a tecnologia Blockchain teria resolvido um problema que não tinha solução anteriormente que é a capacidade de movimentar valores na internet sem a necessidade de uma entidade central para gerenciar o banco de dados.
Pressionado pelo assessor da Câmara dos Deputados, Ricardo Paixão, que teria comentado em sua fala a respeito da forte cobrança por parte da sociedade para que o Brasil não fique para trás nas iniciativas de implementação da tecnologia Blockchain, os membros do órgão regulador explicaram que os testes executados pelo Departamento de Tecnologia da Informação (DEINF) do Banco Central consistiram em verificar se a tecnologia Blockchain poderia manter o um sistema financeiro operante em caso de completa indisponibilidade do Sistema de Transferência de Reservas (STR) do Banco Central.
A ideia foi testar o Blockchain com um recurso em um caso extremo em que todos os data centers do Banco Central sejam afetados por uma catástrofe. Neste caso, com a infraestrutura atual as entidades não poderiam realizar transações. Porém suportados pelo Blockchain não seria necessária a existência de um site central e assim, seria possível manter o sistema de transações funcionando.
Eles usaram como modelo de avaliação o SALT, um sistema alternativo ao STR que entra em operação caso os dois sites STR estiverem fora do ar. O desafio escolhido pelo grupo de estudos do BC foi criar um sistema mínimo de transferências, sem a necessidade de um banco central, no qual apenas as entidades realizariam transações entre si, além de garantir sincronia entre o sistema alternativo e o sistema principal, mantendo, acima de tudo, o sigilo entre as transações.
O resultado foi a criação de protótipos capazes de registrar créditos e débitos com sigilo. Neles as instituições operam com os chamados ‘nós’ de forma independente ao Banco Central. Assim, o BC é capaz de monitorar todas as transações se também tiver um desses ‘nós’ conectado à rede. Apesar dessa possibilidade, os representantes do BC explicaram na audiência que a garantia do saldo positivo ainda não pode ser assegurada se o ‘nó’ do Banco Central não estiver em funcionamento. Essa ainda seria uma imperfeição do sistema.
Mesmo com essa questão a ser resolvida, os representantes do BC consideram que os fatos narrados no encontro por si só já demonstram que o Brasil está sim avançando nos estudos para que possa ser um polo de inovações do sistema financeiro com o uso de Blockchain. Que assim seja.