O Lean Kanban aplicado na 7COMm e no mundo é um método para definir, gerenciar e melhorar serviços que entregam produtos de software (na verdade, ele serve para qualquer trabalho do conhecimento). Ele é facilmente caracterizado por três itens:
- Comece com o que você faz agora – respeite os processos, papeis, títulos existentes
- Torne o fluxo de trabalho visível com um quadro kanban
- Procure a melhoria contínua dos serviços de forma evolucionária: um pouco de cada vez.
Há outros princípios importantes no Kanban, como o foco no cliente e o incentivo à liderança em todos os níveis, mas o que o diferencia mais de outros métodos de trabalho são os itens acima. Para que eles funcionem bem, existem algumas premissas, ou valores, que devem ser respeitados por todos trabalhando com esse método, e hoje gostaria que vocês aprofundassem seu conhecimento sobre uma delas em especial.
A transparência. A crença de que compartilhar informação abertamente melhora o fluxo de valor de negócio.
Vamos ver o queremos dizer na prática com transparência quando trabalhamos com desenvolvimento de software, que é o nosso caso:
- Todo o trabalho em andamento está visível no Kanban. Quer seja aguardando em fila, “em progresso” de fato, ou “bloqueado” (dizemos que o cartão está no “purgatório” quando bloqueado, pagando os seus pecados por não ser bem comprotado). E mais: é possível saber quem está trabalhando ou trabalhou com o cartão e os tempos que os cartões levaram até ficar pronto. Se o Kanban não reflete essas coisas, então você não está sendo transparente.
- Todas as demandas de trabalho para a sua equipe/serviço estão visíveis, incluindo todos os itens que definem o escopo: documentos, propostas, mapas de história, backlogs. É claro que se o cliente exigiu sigilo relativo a algum assunto específico, isso deve ser levado a sério.
- Todo o trabalho já finalizado mas não aceito pelo cliente – seria legal se ele fizesse parte do fluxo de trabalho do Kanban, mas nem sempre é o caso. Algumas vezes, o processo de homologação não é controlado por quem desenvolve: ele entrega o código-fonte para outra parte, e daí em diante não tem mais visão do fluxo até ser acionado pelo cliente. Se você puder mudar isso, mude!
- Todos os itens já aceitos e finalizados.
Sem transparência, os gestores e companheiros de equipe serão obrigados a ficar te perguntando sobre o seu trabalho o tempo todo. Como você pode esperar que seus companheiros tomem boas decisões sobre o trabalho se eles não são capazes de visualizar tudo o que está acontecendo? Como podemos esperar que um gestor perceba os desvios de padrão no fluxo e trabalhe para corrigi-los? Somente escutando a reclamação das pessoas? É como se, em um jogo de futebol, um jogador tivesse que cruzar uma bola para a área sem saber a localização dos seus companheiros, e depois ficasse reclamando que eles não estavam no lugar combinado enquanto o outro reclama que ele não jogou a bola no lugar certo. No Lean, chamamos de jidoka essa visualização clara de modo que qualquer coisa que atrapalhe ou perturbe o fluxo de trabalho seja percebida e corrigida imediatamente.
Sinalizar o seu trabalho através de cartões requer disciplina e mudança de hábito, mas é muito rápido de ser feito; uma vez habituados, é irrelevante o tempo gasto sinalizando com cartões.
Não há como evoluir a maturidade do seu fluxo de serviço sem transparência. Com jidoka, podemos começar a discutir as melhorias reais da equipe de forma objetiva, baseada em dados, buscando as causas raíz e melhorando indicadores que realmente importam: entregas mais rápidas, maior faturamento, maior previsibilidade e maior satisfação do cliente. Mas este é assunto para um outro artigo.
Podemos contar com você para que sua equipe busque mais transparência?