Duas notícias recentes tornaram palpável um dilema que aflige as empresas neste momento. Numa delas os chamados bancos digitais se saíram vencedores numa comparação com os bancos tradicionais no que se refere à prestação do serviço de abertura de contas de forma totalmente online. Enquanto estas novas iniciativas conseguiram realizar a tarefa de forma 100% remota, suas concorrentes falharam neste objetivo e acabaram obrigando o cliente interessado no produto a fazer a boa e velha, às vezes nem tão boa, mas sempre velha visita `a agência.
Trata-se de uma notícia que anima os entusiastas das empresas totalmente digitais. Mas outra notícia teve o papel de segurar um pouco esse entusiasmo chamando a atenção para a questão da segurança.
O site Tecmundo publicou uma reportagem baseada numa denúncia feita por um hacker que relatava uma suposta invasão que teria exposto dados pessoais de milhares de clientes, funcionários e executivos de um dos maiores bancos totalmente digitais do Brasil. Em um arquivo criptografado de 40 GB, de acordo com o denunciante, eram encontradas fotos de cheques, documentos, transações, emails, informações pessoais, chaves de segurança e senhas de cerca de 100 mil pessoas.
Ao expor o assunto, o denunciante, que tentou inclusive extorquir o banco digital em questão, se auto atribuiu a função social de questionar: “Estamos quase às vésperas da decisão do grupo de trabalho que definirá as regras e sob quais condições e limites os bancos poderão adotar Cloud Computing em larga escala. Enquanto isso, as fintechs se antecipam pressionando por uma decisão em favor da adoção ampla e pouco restrita da nuvem. Mas estamos prontos para esse salto?”, pergunta o hacker antes de detalhar a suposta invasão.
Embora o banco digital em questão tenha negado a veracidade do ataque, o fato é que se a primeira notícia comprova que as operações digitais são realmente mais rápidas, eficientes e atendem melhor às exigências dos novos consumidores, a segunda notícia mostra que aderir à modernidade exige cuidados que muitas vezes são negligenciados e podem comprometer totalmente o futuro das empresas.
O ponto de equilíbrio entre as duas notícias pode ser encontrado na forma como as empresas se relacionam com a disponibilidade dos dados na nuvem. O especialista da 7COMm no assunto, Jorge Tokuda ressalta a importância de contar com o suporte de uma boa consultoria na migração de aplicações, gerenciamento e monitoramento dos servidores e serviços fornecidos na nuvem, assim como no desenho da infraestrutura e na estratégia da migração e/ou implementação de aplicações e automatização de processos no ambiente Cloud.
De acordo com ele, as empresas que vão migrar seus dados para a nuvem precisam tomar uma série de cuidados para evitar problemas que nunca pensaram que poderiam ter. São eles:
1- Escolha um fornecedor de confiança que possa responder onde os dados vão ficar armazenados, qual o nível de segurança e infraestrutura recomendados, além de como será feito seu gerenciamento e monitoramento;
2- Opte por senhas fortes, como frases simples de lembrar, já que os dados serão acessados à distância de um website com um browser qualquer;
3- Tenha uma solução extra de encriptação para proteger dados, mesmo que seu fornecedor já faça isso com os que estão em trânsito e em disco;
4- Não abra mão de backups, pois sempre há risco de um ataque ao fornecedor ou outro tipo de problema que inviabilize sua continuidade;
5- Exija um serviço de gestão de dispositivos móveis no que se refere a configurações e segurança de dados em equipamentos móveis da empresa e de seus funcionários.
Quando estes pontos são observados é possível dizer que tanto os bancos digitais como as fintechs e companhias de qualquer setor estão prontas para armazenar áreas sensíveis de sua operação na nuvem e explorar todas as vantagens que esta tecnologia oferece.